Achais que não se pode prever o futuro? Que o dom da profecia foi uma superstição de rústicos da idade do bronze? Que o Espírito se calou de vez e Deus já não sussurra aos ouvidos dos seus o que Ele quer que os homens saibam? Que já não há Verdade?
Então lêde esta passagem de Dostoievski, escrita em 1881. O Inquisidor fala com Cristo e descreve-lhe com minúcia exacta o que hoje está a acontecer. E o que vem aí, a galope, pela mão dos zeladores da humanidade, os Grandes Humanistas, o Concílio da Bondade Universal, os Cientistas e os Crentes da Igreja do Bem, o Papa da Roma Pachamama, os Oficiantes da Grande Obediência, os oráculos da Razão Universal, os zurzidores da Superstição e da Diferença, os perseguidores da Matemática, da Metafísica e de Mozart, os promotores da Felicidade e da Segurança e da Igualdade e da Indistinção. E esta vai finalmente estender-se por toda a terra, como um caldo morno e confortável, e o milénio durará exactamente mil anos. Continuar a ler