Os admiradores dos turcos

Na última entrada de Junho de 1877, intitulada “Os admiradores dos turcos”, do seu Diário de um Escritor, Fiódor Dostoievski contrastou a crença cristã do povo russo com a sabedoria ilusoriamente superior do “ilustrado”. O pretexto próximo deste escrito fora a guerra russo-turca de 1877-78, que levara os “intelectuais” a abraçar, como tende quase sempre a acontecer, a causa do inimigo maometano. Mas por detrás da vontade do escritor de zurzir este iluminismo ignorante e anti-patriota há sobretudo o propósito de exaltar o mistério da fé dos simples, uma fé que é para Dostoievski uma verdade axial da humanidade. De caminho é também o cristianismo seco do pastor protestante que é criticado. Continuar a ler

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O Comité Português de Estudo do Kimilsunismo

Lisboa, Queluz, Amadora e o Estoril têm, orgulhosamente, grupos de estudo do kimilsunismo. Eu explico, se não se importam.

Kim il-Sung, pai de Kim Jong-il e avô de Kim Jong-un, foi o criador da filosofia juche, a qual orienta benévola e ininterruptamente desde 1955 a política, a religião, a ciência, a literatura, as relações humanas, o coito dos coelhos e a florescência das estações na República Popular da Coreia [do Norte]. É, para usar uma definição oficial, a “contribuição original, brilhante e revolucionária para o pensamento nacional e internacional” de Kim il-Sung, ou seja, basicamente, a culminação cósmica do pensamento marxista-leninista.

Para celebrar os setenta anos de Kim ergueu-se em 1982 em Pyongyang, a capital do país, uma gigantesca torre de pedra com 70 pisos e 170 metros de altura (tem mais um metro que o Washington Monument), no topo da qual brilha perpetuamente uma chama de vidro vermelho.

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Cá em baixo, à entrada do monumento, no enorme átrio que dá acesso aos andares superiores, as paredes estão literalmente preenchidas com pequenas lápides rectangulares de mármore, similares às inscrições votivas de alguns santuários de religiosidade popular e onde os crentes de todas as nações exprimem a sua admiração por Kim e pelo seu pensamento. Como diz um escritor que muito admiro, espera-se, ao entrar neste átrio, ver dezenas de braços, pernas, cabeças e dedos de cera oferecidos por aleijadinhos miraculosamente curados, como no Santuário de Fátima ou no Centro de Cirurgia Cárdio-Torácica do doutor Manuel Antunes nos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Imaginem a minha admiração quando me apercebo que, colocada ao nível dos olhos, para mais fácil visibilidade, está a maior de todas as inscrições votivas, quatro vezes maior que as outras — a do Comité Português de Estudo do Kimilsunismo! Observem a fotografia em baixo, para detalhes.

Ex-votos ao santo

O Comité tem quatro centros, postados estrategicamente à volta de Lisboa. Consta-me que existem nesses centros, e guardadas em vitrines à prova de vandalismo, relíquias do santo, quer dizer de Kim: um fragmento de unhaca em Queluz, uma mecha do cabelo em Lisboa, o perpúcio na Amadora e — glória das glórias — a cabeça inteira no Estoril. Dizem algumas pessoas que essa cabeça fala e emite oráculos, os quais se ouvem claramente em Loures e são estudados com desvelo hermeneuta na Soeiro Pereira Gomes. Mas isso não posso garantir.

Seja como for. Sinto-me impante de orgulho. Vocês não? Ora confessem lá: ser português, às vezes, compensa. Não acham?

A traição dos intelectuais

No meio das lamentações e gritos revoltados deste pobre povo português, que se vê obrigado a pagar, com o que já não lhe sobra, as dívidas contraídas pelo poder público, e assim vai soçobrando sob o peso da canga governamental, uma coisa me admira deveras: é que toda a gente protesta contra o governo – todos contra este, muitos contra este e os que o precederam – mas ninguém, repito, ninguém, protesta contra a IDEIA do governo, contra o próprio princípio que subjaze a todos os governos, quaisquer que eles sejam.

O que se ouve é reclamar outro governo. Como se não tivéssemos já experimentado tudo, da esquerda à direita, dos comunistas ao CDS. Já tivemos governos que nacionalizaram e governos que desnacionalizaram. Governos que contrataram gente e Governos que despediram gente. Governos que financiaram obras e governos que as mandaram parar. Governos que investiram em estradas e governos que disseram que não investiam em estradas. Governos de pensadores e de filósofos e governos de economistas e de gestores. Governos de teóricos e governos de pragmáticos. Governos que pagaram cursos e formações e computadores e internet, e governos que mandaram fechar escolas e desligar o aquecimento. Governos que decidiram gastar e governos que tiveram de poupar. Governos que chamaram o FMI e governos que não chamaram o FMI. Governos de gordos e governos de magros. Governos trauliteiros e governos amabilíssimos. Governos com católicos e governos com maçónicos.

Já experimentámos de tudo um pouco, e podemos dizer, com a modéstia e a segurança de uma evidência irrefutável, que esta crise se deve a todos esses governos, e não só a alguns. Deve-se aos PSD’s e aos Socialistas, aos Centristas e aos Comunistas, aos tecnocratas e aos sindicalistas, aos Regeneradores e aos Históricos, aos beatos e aos ateus. Todos os que passaram pelos sucessivos governos fizeram o que tinham a fazer, isto é, aumentaram a despesa e tolheram a comunidade. Gastaram dinheiro, cada vez mais dinheiro, enriqueceram-se e enriqueceram os amigos, e de caminho nada fizeram do que tinham prometido. Nem os portugueses ficaram mais ricos e cultos, nem o país saiu da cauda da Europa. E isto, meus amigos, não se passou num mês de namoro de praia, ou num ano de enlevo matrimonial, ou sequer numa década de ascensão à vida adulta. Passou-se durante décadas, séculos a fio.

E as pessoas, perante esta evidência, o que fazem? Pois, pedem outro governo. Pedem que saia este e entre outro, como antes pediram que saísse o que lá estava para entrar este que temos. Pedem que saia o Passos, certamente para entrar o Seguro, ou quem sabe o Sócrates, como antes pediram ao Lopes que saísse, para entrar o mesmo Sócrates, a quem, como é sabido, tinham pedido para sair para que entrasse o Passos. Uma dança sem fim, uma dança de São Vito.

Os governos são uma dança sem fim, um cordão interminável de contas que só a análise microscópica distingue umas das outras. Vistos à distância própria do olhar histórico – o olhar que não se prende ao fais divers dos hebdomadários – são todos iguais. Como dizia Bertrand de Jouvenel, “a sucessão de governos que, no decurso dos séculos, governa a mesma sociedade pode ser vista como um mesmo governo de fundo que vai tomando acrescentos sucessivos.”

A única explicação para isto, nestes tempos de ‘democracia’ em que supostamente os governos respondem à ‘vontade popular’, é que esta não vislumbra alternativas e faz seguir a procissão. Porquê? Talvez porque, meus amigos, a ‘vontade popular’ é amorfa, sem ideias, sem capacidade criativa, e só reage. Consegue protestar, a espaços, produzindo a famosa ‘violência’ de que falam, como se tivessem descoberto a pólvora, Soares e o Papa Francisco, a mesma violência que historicamente tem irrompido um pouco em todas as épocas e lugares, sempre que o pão e circo não chegam e a exploração se torna insuportável. Mas sabemos bem o que esses espasmos de violência produzem: um punhado de cabeças rolando fora do corpo, uma exaltação destrutiva, um recomeço da dominação sob novos senhores ou sob os mesmos maquilhados. E tudo volta ao que era dantes.

As massas não criam, vergadas que são pela ignorância e pelo peso dos hábitos ancestrais, não sabem que fazer. Os intelectuais, os pensadores, criam. Mas estes são pagos pelo poder, pelos governos. Dependem destes para receber empregos, subsídios, uma parte do imposto. Os intelectuais, se se atrevem a sugerir que não precisamos de governos, que há outra maneira, ficam a depender apenas do que produzem, ou seja, ficam entregues ao mercado. E o povo não paga ideias, não consome poesia ou tratados de metafísica. No mercado, os intelectuais ficariam a competir com os autores de telenovelas e de romances de pacotilha. Ou com os verdadeiros criativos, os Shakespeares da escrita, do pensamento, da ciência.

Os intelectuais – essa moderna versão do clero medieval – são os melhores amigos do poder, e os maiores inimigos da liberdade.

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Democracia

Fui, há umas semanas atrás, pela hora do almoço, levantar uma encomenda à estação de correios na Avenida. Por causa das obras em curso na estação, a sala de atendimento é nas traseiras do edifício, um espaço improvisado e exíguo onde duas funcionárias, em guichets contíguos, atendem uma dezena e meia de clientes. Retiro, como de costume, um bilhete numerado na máquina, sou o número 71, a coisa vai ainda nos 50 e tal. Sento-me numa cadeira livre. Gente entra aos poucos, as cadeiras ao meu lado entretanto ocupadas por duas senhoras, uma ainda jovem, outra mais idosa, que conversam animadamente.

71Para ocupar o tempo, saco de um livro e começo a ler. Os minutos passam lentamente. Uma boa meia hora depois o placard na parede em frente marca finalmente o número 71. Levanto-me para ser atendido, dou um passo em frente e sou interpelado pela mulher mais jovem, que me pede: ‘o senhor não se importa que passe à sua frente? Eu sou o 73 e preciso de me despachar, é rápido.’ A senhora mais idosa inclina-se na sua cadeira e acrescenta: ‘eu sou a 72, vou deixá-la passar’. Olho para ela, que me sorri. Apetece-me por momentos dizer que também eu serei rápido, que só vou levantar uma encomenda. Mas o meu cavalheirismo leva a melhor. Que diacho, alguma urgência não declarada, alguma razão maior… ‘Faz favor’, decido-me. E volto a sentar-me. Com um novo sorriso, a cliente 73 avança para o guichet livre e pousa sobre o balcão uma pequena pasta com diversos impressos e documentos. Fala em tom familiar com a funcionária. Apercebo-me que é pessoa que frequenta amiúde o correio, provavelmente uma funcionária de qualquer empresa que vai despachar o expediente do dia. Sinto-me vagamente enganado, sorrio benevolente. Nada de grave, a funcionária do guichet ao lado está a despachar a sua cliente. Espero.

Dois minutos depois, a cliente do lado sai, a funcionária carrega no botão dos números, soa o besouro, ilumina-se no mostrador electrónico o número 72. É a minha vez. Levanto-me da cadeira, mas sou ultrapassado pela senhora idosa que estava ao meu lado e tinha o número 72, a qual em duas passadas se chega ao balcão e nele coloca resoluta o seu bilhetinho. ’72’, diz ela. A funcionária, que aparentemente não se apercebera de nada, começa a atendê-la. Tudo isto se passa numa fracção de segundos, de tal modo que eu sou colhido a meio do percurso, um percurso breve, pois não há mais de 2 metros entre as cadeiras e o balcão. A distância é aliás tão curta que, para passar à minha frente, a senhora idosa amiga da jovem tem literalmente de dar um salto, como se tivesse molas nos pés, e de traçar no espaço-tempo uma pequena curva acrobática. Ainda me toca ao de leve. A bem dizer, empurra-me, num chega-pra-lá quase imperceptível.

Sou colhido de surpresa. Uns segundos depois, passado o espanto, articulo: ‘minha senhora – digo para a cliente mais idosa – eu sou o número 71, a senhora lembra-se? Cedi o meu lugar à sua amiga, para ela ser atendida’. Toda a gente presente ouve a conversa, estamos num espaço de não mais de 20 m2, toda a gente tem um número na mão, toda a gente está a ouvir, não há conversas paralelas, não há televisão a entreter, como nas salas de espera dos centros de saúde, o espectáculo é apenas aquele. Toda a gente ouve. Por seu lado, a senhora do 72 [doravante a cliente 72, para ser económico] nem se volta, finge que não é nada com ela. A funcionária do guichet, óculos na ponta do nariz, examina um papel que ela lhe entregara. Hesito, repito num tom de voz um pouco mais alto: ‘minha senhora, é a minha vez, lembra-se? Cedi o meu lugar à sua amiga.’ E aponto para o lado, onde a jovem do 73 finge igualmente que nada se passa.

As duas funcionárias estão agora atentas. Olham uma para a outra, interditas. Eu insisto, agora dirigindo-me à funcionária do 72: ‘Esta senhora – e aponto de novo para a jovem, que continua a ignorar-nos e a fingir que a coisa não é com ela – pediu-me para eu a deixar passar, que tinha pressa. Eu sou o 71.’ E mostro o meu número. A funcionária hesita, desconfortável, olha para a colega do lado, que interrompe por momentos o atendimento da 73 e confirma: ‘sim, este senhor deixou passar esta senhora’. Perante isto, a ‘minha’ funcionária diz por fim à cliente 72: ‘este senhor é o 71, não se importa?’ É então que a 72 resolve falar, ainda sem se voltar para mim: ‘e eu sou a 72, e esse é o número que está ali’. Aponta para o placard electrónico, onde, olímpico, se destaca ainda o número 72.  ‘Mas, digo eu, a senhora sabe perfeitamente que eu deixei passar a sua amiga, aliás a senhora pediu-me também que eu fizesse isso!’ Estou entre indignado e espantado, penso por momentos que sonho, que esta cena não é real. A minha voz sobre de tom, mas é claramente a de alguém que hesita, que não parece senhor da sua razão.

A cliente 72 volta-se finalmente para mim e diz, decidida: ‘eu não tenho nada a ver com isso, a minha amiga está grávida e precisava de ser atendida, e eu sou o 72. Foi o senhor que a deixou passar.’ ‘Mas – volto a dizer eu – a senhora viu perfeitamente o que se passou, aliás pediu-me que a deixasse passar, disse-me que era o 72 e a ia deixar passar também. Porque é que passou à minha frente também?’ ‘Eu sou o 72 e é esse o número que está ali e vou ser atendida. Também tenho pressa!’ A cliente 72 fala comigo como se eu fosse um importuno, ocorre-me pensar que ela acha que eu estou a tentar tomar o lugar dela, sinto-me noutro planeta, o olhar e o tom são tão genuínos, tão directos. Vejo-lhe a boca cerrada, os lábios finos de resolução indignada, como só certas pessoas – ia escrever certas velhas, mas prefiro abster-me – são capazes de fazer, e volta-se para a funcionária. ‘Atenda-me! diz ela. É a minha vez!’ Há agora um tom de ameaça na sua voz.

A funcionária olha para mim, faço um gesto de encolher os ombros, ela diz-me: ‘o senhor não se importa? É rápido.’ ‘Também é rápido para mim, só venho levantar uma encomenda.’ A minha réplica é frouxa, quase derrotada. E aponto para uma estante metálica por detrás delas, onde se alinham pacotes de todo o tamanho e feito. ‘Não se importa de me atender? Estou com pressa!’ insiste, agora aos gritos, a cliente 72. A funcionária suspira, olha de novo para mim e diz entre dentes: ‘só um momento’. Com um som forte que corta o silêncio de toda a gente, a funcionária dos correios vibra uma carimbadela num impresso, tecla frenética uma máquina, diz para a cliente 72 qualquer coisa que não oiço, levanta-se do seu lugar, vai a uma impressora próxima, retira um papel, recebe uma nota de 5 euros, faz uns trocos. A cliente 72 volta-se para a jovem – a 73 – e diz-lhe ‘até logo’. E sai.

A funcionária está agora livre e eu encosto-me ao balcão, papel na mão. Soa o besouro: número 73. Digo: ‘o 73 é esta senhora’. Aponto a grávida – que de grávida nada tem de aparentemente visível – a qual continua a despachar a sua papelada no guichet vizinho. A ‘minha’ funcionária carrega (maquinalmente?) no botão, o besouro soa de novo, o número agora é o 74. E eis que se levanta outra senhora de uma cadeira próxima, se dirige ao balcão e diz: eu sou o 74. Empurra-me literalmente. ‘Eu sou o 74’, repete, e coloca o papelinho com o seu número sobre o balcão, ao lado do meu humilde e idiota 71. Há um silêncio em toda a estação. Eu olho para essa senhora, que é de meia idade e tem, como a anterior, um ar decido e justo, olho para as duas funcionárias, primeiro para a ‘minha’ e depois para a outra que se detém espectante, olho para o público que não perde pitada e nada diz. Nem uma palavra. Estou agora, mais do que nunca, convencido que isto é um sonho. E oiço-me, no meio do sonho, a dizer: ‘ok, a senhora é de facto o 74. E suponho que tem pressa também? E que o 75 – e nisto volto-me para o público – também tem pressa? E o 76 também? E o 77?’ Não continuo. Ninguém me responde, as caras voltam-se incomodadas. Suspeito, por um momento, que toda a gente ali me considera um troglodita, um violador de direitos, um penetra que quer passar à frente daquelas senhoras, daquelas cidadãs exemplares. Ninguém diz nada, nem uma palavra.

Dou um passo ao lado, liberto o guichet para a senhora 74. A funcionária hesita, olha para ela, olha para mim, articula: ‘não se importa que eu atenda este senhor? É rápido e tem o número 71.’ A cliente 74 diz, agastada: ‘Mas eu sou a 74 e ali diz 74. E estou com pressa, tenho de ir apanhar uma camionete.’ ‘É rápido’, repete a funcionária. Estende-me a mão, uma mão que treme visivelmente, toma nela o papel que eu ainda seguro, dirige-se à estante, retira um pequeno pacote, do pacote destaca um papel, diz-me: ‘assine aqui.’ Eu assino, rápido, silencioso, toda a gente silenciosa, toda a gente silenciosa, um silêncio brutal, saio da estação para a vida, vencido e envergonhado.

Tudo isto se passou em Vila Real, Trás-os-Montes, em Abril de 2013, numa estação dos correios do centro da cidade, entre mim e uma dezena e meia de cidadãos impolutos e honestos. Passou-se assim mesmo, com a exactidão de reportagem, com as palavras que foram realmente trocadas, na sequência narrada, sem um momento de fantasia ou inventiva novelesca. Assim mesmo. Entre mim e uma dezena e meia de cidadãos portugueses exemplares.

A todos vocês, amigos democratas que me lêem, dedico esta estória. Tirem dela a conclusão que quiserem. Pode nada querer significar, pode. Mas talvez – quem sabe! – que nada do que se passa seja verdadeiramente sem significado. Talvez que o mundo seja uma teia bem urdida de coisas, todas elas de importância, porque todas elas parte indispensável do todo. Assim em cima, assim em baixo, como diz a antiga filosofia. Talvez que a estação central dos correios faça parte desse todo.