No seu livro antes citado, Ramalho Ortigão dedica um capítulo — o quinto — à descrição da Póvoa de Varzim e dos poveiros, prestando assim uma mais do que justa homenagem àquela que é a praia nortenha por excelência. Por lá passei os meus verões da meninice, no sector 45, salvo erro. Um mês inteiro, por causa das gripes e pneumonias de inverno, sob o cuidado solícito da minha mãe, das amigas da minha mãe, que eram uma legião de matronas, e de um sem número de banheiros e vizinhos de que não lembro mais o nome. Mas lembro a rua da Junqueira, lugar de encantamento permanente, e o cinema Garrett, onde por cinco tostões eu podia sentar-me num banco de pau corrido, ver as obras completas do Cantinflas e assistir, com uma lágrima de comoção, às paixões nunca consumadas do Joselito e da Marisol.
Ramalho Ortigão
A Foz
Se lestes o meu último post neste blogue, dedicado ao diário português de Mircea Eliade, sabereis que o escritor romeno exalta nele a popularidade de duas obras de Ramalho Ortigão. Uma delas é “As Praias de Portugal: Guia do Banhista e do Viajante”, publicada em 1876, na Livraria Universal, de Magalhães e Moniz, sita nos números 12 a 14 do Largo dos Loyos, na mui nobre cidade do Porto.