Estes são uns dias complicados para os ingleses (e para os restantes habitantes das ilhas — os irlandeses, galeses e escoceses — mas estes são aves de diferentes penas, como por lá se diz). Quero por isso prestar-lhes uma singela homenagem, a minha forma de lhes desejar a melhor sorte deste mundo.
Os ingleses são um povo singular, que mostrou ao longo da sua história uma coragem, uma nobreza, uma capacidade de trabalho e uma inteligência indiscutíveis. É verdade que hoje, infelizmente, já não é assim, uma consequência triste do gradual apodrecimento da estirpe, um processo que vemos ocorrer também no resto do continente. Mas que importa! É dos ingleses que falamos: que possam ir buscar, na reserva mais antiga do seu ser, as energias necessárias para ultrapassar a provação!
O texto seguinte — a minha forma de os homenagear — é parte de um discurso que ocorre no acto segundo, cena primeira, da peça Ricardo II, de Shakespeare. Fala João de Gaunt, duque de Lancaster, tio de Ricardo II e pai de Filipa de Lencastre, esposa do nosso rei Dom João I. João de Gaunt é, assim, o avô materno dos membros da nossa ínclita geração. Na imagem acima vemo-lo pintado por Lucas Cornelisz. A inscrição refere Gaunt como rei de Castela e Leão, uma pretensão que ele tentou fazer valer em frustrada campanha militar por terras de Galiza, com um exército formado por ingleses e portugueses. Correu mal. O outro candidato e seu adversário militar, João de Trastámara, um aragonês conhecido entre nós por João I de Castela, haveria de ser desfeiteado, não muitos anos depois, pelo seu (e nosso) homónimo em Aljubarrota. Uma revancha apropriada. Continuar a ler